Autobiografia

Autobiografia

Nasci em Santa Maria da Feira em 2002, desde que me recordo fui "criada" pelos meus avós porque os meus pais precisavam de trabalhar. A minha mãe é uma mulher muito simples e amável, mas também uma pessoa muito assertiva. O meu pai é totalmente o oposto, mostra-se sempre de cara carrancuda e tenta parecer mau, mas acaba por ser muito mais benevolente do que a minha mãe.

Os meus primeiros valores que os meus avós me ensinaram seguem comigo até hoje: o respeito pelos outros pois sempre vi a minha avó a tratar toda a gente com consideração e gentileza, a empatia pois ela dizia sempre que nós não sabíamos pelo que cada pessoa passava para ser como é, a honestidade e a responsabilidade pois o meu avô dizia que eram das características que alguém podia ter e a gratidão porque se não valorizarmos as coisas boas da vida, seremos sempre infelizes.

Quando tive o meu primeiro contacto com a aprendizagem formal, na escola primária, aprendi a gostar muito de ler e escrever mas soube logo que gostava ainda mais de números e contas. A minha professora era uma jovem mulher loira, extremamente simpática e carinhosa e conseguia que toda a turma estivesse focada em cada momento. Todas as manhãs quando chegávamos ela abraçava cada um de nós com amor e esse pequeno gesto mostrava o quantoela gostava de nós.

À medida que fui crescendo percebi que o conhecimento não se limitava ao que aprendia nas aulas mas também nas atividades extracurriculares. Frequentei a dança., andei na natação, no futebol e em todas estas atividades aprendi como trabalhar em equipa, com rumo a um bom resultado. 

A mudança para o 5º ano foi um choque, pois a escola era enorme em comparação com a primária, eram muitos alunos e tudo parecia assustador. Apesar destes contratempos, eu continuava a adorar a escola. Nesta altura comecei a participar em concursos interescolares de matemática e ainda ganhei alguns, os certificados das minhas vitórias ainda hoje estão emoldurados em casa dos meus avós. Todo este percurso escolar só começou a parecer mais sério quando entrei para o 7º ano porque começaram a ser muitas disciplinas, os professores já não eram tão brincalhões e começaram a surgir mais dificuldades, o que no fundo, me ajudou nas escolhas para o resto do percurso. Percebi que não gostava muito de história e geografia mas continuei a adorar a matemática e a físico-química e descobri um novo amor, a música.

A música foi um dos fatores mais importantes desta fase da minha vida pois eu não sabia expressar-me muito bem e com a música tornou-se mais fácil, também porque entrei num novo grupo de amigos que tinham mais coisas em comum comigo. Aprendi a tocar guitarra clássica, flauta transversal e órgão. A música faz parte da minha vida até hoje porque continua a ser uma forma de expressão e uma maneira de libertar emoções para mim. Permite-me comunicar os meus sentimentos de uma maneira que as palavras não conseguem. Para além disso, a prática musical trouxe-me uma sensação de realização e paz interior, e fortaleceu a minha capacidade de concentração e disciplina e também mantenho relações com pessoas que partilham a mesma paixão, criando um laço que vai para além da amizade. A música tornou-se, assim, não só uma atividade, mas uma verdadeira companheira que me acompanha nos momentos de alegria e tristeza.

Depois de terminar o 3º ciclo do ensino básico, conversei com os meus pais sobre a possibilidade de mudar de escola. Senti que precisava de explorar novos horizontes e achava que, ao mudar de ambiente, teria mais liberdade. Acabei por entrar para o Liceu de Santa Maria da Feira e, nos primeiros tempos, tudo parecia fantástico por ser tudo novo. No entanto, com o passar do tempo, percebi que a realidade não era tão boa quanto eu pensava. Optei pelo curso de Ciências e Tecnologias, mas, na minha turma, éramos tantos alunos que os professores se mostravam distantes e a relação ficou mais difícil. Embora a matemática ainda fosse uma paixão para mim, a biologia trouxe-me um desafio inesperado. A minha grande desilusão foi perceber que a disciplina não era focada em anatomia como eu imaginava.

Com o tempo, a motivação foi-se dissipando, surgiram crises de ansiedade e, infelizmente, não consegui concluir o secundário. Na altura, pensei que não fosse uma grande preocupação. Não consegui terminar a disciplina de biologia e, sentindo-me completamente perdida, decidi que era melhor seguir outro caminho e começar a trabalhar.

O meu primeiro emprego foi no setor do retalho, e, apesar de não ser algo que detestasse, percebi que não haveria muito espaço para progressão de carreira. Isso fez-me questionar o rumo que estava a tomar e, com o tempo, fui-me fechando cada vez mais. Em 2021, fui diagnosticada com depressão. A minha vontade para qualquer coisa desapareceu.

Quando fiquei melhor tentei então experimentar outra área e comecei a trabalhar num escritório de contabilidade como administrativa, gostei bastante do trabalho pois utilizava muito a matemática mas com o passar do tempo compreendi que trabalhar sentada não combina comigo porque chegava ao fim do dia com muita energia para gastar mas a minha mente estava extremamente cansada.

Aos 21 anos, surgiu a oportunidade de experimentar algo novo e ingressei numa formação de cabeleireiro. No início, parecia algo simples e básico, mas, à medida que os módulos avançaram, os desafios aumentaram. Mesmo com as dificuldades, a formação continuou a ser interessante, e consegui acompanhar cada UFCD, pois os formadores sempre se mostraram compreensivos. Isso fez com que nunca perdesse o interesse. Sinto que evoluí muito desde o início da formação, tanto a nível prático, pois melhorei bastante as minhas competências técnicas, como o corte, a coloração, os tratamentos capilares e a finalização, como a nível pessoal, desenvolvendo habilidades essenciais como a comunicação, a empatia, a paciência e a capacidade de lidar com diferentes tipos de clientes. Além disso, aperfeiçoei a coordenação motora, a criatividade e a gestão do tempo, aspetos que considero fundamentais para esta profissão. Sei que encontrei algo que realmente gosto e que me faz sentir realizada ao fim do dia. 


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